terça-feira, agosto 11, 2009

APRENDENDO CIENTIFICAMENTE COM O ACIDENTE DE FELIPE MASSA

Acidente automobilístico 27-07-2009 às 06:18:00
Energia do impacto sobre Felipe Massa foi 30% da letal
Perito em acidentes automotivos ressalva que adotou premissas
Segundo Sérgio Ejzenberg, perito em acidentes automotivos e mestre em engenharia de transportes da Escola Politécnica da USP, é preciso considerar que a mola que desprendeu do carro de Barrichelo manteve movimento, quicando, na mesma direção que os veículos. “Não foi parada instantânea com absorção total de energia. Ou seja, quanto mais rápido ela estava, menor terá sido o impacto, porque você subtrai as duas velocidades.”

Tomando como premissa que a mola estivesse quicando a 100 km/h e Massa a 260 km/h, o impacto teria sido a 160 km/h. Considerando que ela não bateu em cheio no rosto de Massa, mas resvalou do lado esquerdo do crânio do piloto, Ejzenberg calcula uma energia de impacto de aproximadamente 500 joules. Para que se tenha ideia do que isso significa, uma energia de 1.800 joules causa decapitação. Um pouco menos, 1.700 joules, enforcamento.

“Evidentemente, uma perícia vai definir ângulo do choque, peso e velocidade exata da mola”, diz o engenheiro. Em sua avaliação, o acidente reforça a necessidade de revisão de projeto dos carros de Fórmula 1. “Em nome da segurança dos pilotos, está mais do que na hora de adotar cockpits como de aviões de caça. Não há razão para que isso não seja feito, os pilotos ficam expostos até mesmo a aves.” Além da proteção em caso de choques com pequenos objetos, em caso de incêndios, o cockpit fechado serve como célula de sobrevivência.

Ejzenberg prefere não calcular a força do impacto, porque seria necessário avançar ainda mais nas suposições.

Mas, assumindo que o impacto tenha durado um décimo de segundo, a força aplicada seria de 40 a 50 quilos. O problema é que, também aqui, é preciso considerar o grau de ruptura do capacete – se o crânio bateu no revestimento do capacete ou teve contato direto com a mola, em que extensão e em quanto tempo.

Durante a produção de um capacete de Fórmula 1, 120 camadas de fibra de carbono são coladas juntas. Depois, o capacete vai para um forno onde as camadas são soldadas e endurecidas a uma temperatura constante de 132°C. Partes sujeitas a forças extremas são reforçadas com alumínio e titânio. O interior é feito de duas camadas de Nomex, um tecido antichama.

Antes de a Federação Internacional de Automobilismo aprovar um capacete, ele passa por uma série de testes de impacto. Durante o teste de penetração, um objeto de metal pontiagudo, de 3 kg, é derrubado de uma altura de três metros sobre a superfície do capacete, que deve permanecer íntegro. Submetida a um peso de 38 kg, a presilha não pode alargar mais de 30 milímetros. O visor é bombardeado com projéteis viajando a aproximadamente 500km/h e os pontos de impacto não podem ser mais profundos que 2,5 milímetros.


Fonte: Do G1
Edição: Fábio Carvalho

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