quinta-feira, novembro 06, 2008

CONTROLE DE EMERGÊNCIA - SINALIZAÇÃO E PREVENÇÃO


O Brasil é um país privilegiado pela ausência de fenômenos naturais de destruição como terremotos, vulcões, furacões, tornados, maremotos, ciclones e avalanches como se vê pelo mundo afora num processo de ajuste natural do Planeta Terra face aquilo que aprendemos nas escolas sobre a crosta terrestre e como estamos inserido dentro do Sistema Solar e do próprio Universo, processos estes que sempre existiram e que de tempos em tempos promovem movimentos aos quais o homem tenta se adaptar e ao mesmo tempo continua agravando estes processos naturais e alterando formas e prazos através de suas agressões ao Meio Ambiente em que vive e que mesmo que parássemos hoje haveria um período de carência natural de reajuste que ainda desconhecemos.

O que diz respeito ao tema é que vivemos relativamente livres de destruições em massa naturais, grandes acidentes principalmente mulitivítimas e os poucos que tivemos ainda não nos fizeram acordar no que diz respeito a prevenção e abusamos da sorte em nome de um comodismo que começa no empreendedorismo, na arquitetura, na decoração e até mesmo na engenharia, isso sem falar nos órgãos fiscalizadores, legisladores e reguladores,inclusive os Conselhos profissionais que fazem vistas grossas, são coniventes e ignorantes que deveriam ter como prioridade a vida humana.

Toda esta divagação inicial está referida aos Shoppings, Casas de Shows, Boites, Teatros, Cinemas, Eventos em geral que abusam da ausência de sinalização de emergência tais como rota de fuga, extintores de incêndio, chuveiros automáticos, larguras adequadas para evasão, enfim itens básicos que estão contemplados em ótimas Normas Técnicas como a NBR 9077 e Decreto como o de Salvador 13408/01 que faz cumprir aquelas e outras Normas, alem das Normas de Segurança do Trabalho com objetivo de evitar pânico e incêndio. Saídas de emergência que caem para áreas internas do estabelecimento como um poderoso grupo de salas de cinema. Outro grande shopping tem letras minúsculas que se escondem em nome da estética e favorecem o consumismo em nome de perdermos a noção do tempo e do espaço em pleno ano de 2008.

As cores das sinalizações orientativas, de segurança e emergência são estudadas e desenvolvidas por engenheiros, psicólogos, designers, técnicos da área cujo efeito desejado é através do cérebro desenvolver mecanismos de reação automática do que é certo e é errado, o que é perigo iminente e o que é atenção. Não se trata de aleatoriedade. Já me perguntaram uma vez da área de comunicação porque a cor da CIPA não poderia ser rosa na SIPAT.Obviamente eu expliquei que é um padrão internacionalmente aceito,assim como Vermelho é Bombeiro/Combate a Incêndio/Extintores de Incêndio. Já pensou se a Cruz Vermelha muda de cor de acordo com o país. Trata-se de linguagem padronizada. Nossas Normas Técnicas da ABNT tem como base as Normas Inglesas e são adaptadas ao Brasil,por profissionais sérios que se reúnem regularmente de todo o Brasil, mas precisam de Decretos,Portarias e Leis para serem obrigatórias por profissionais projetistas e executores e aí que entra o perigo,porque depende de interesses políticos muitas vezes mesquinhos e omissos. Saúde,Educação, Segurança, Prevenção de Acidentes neste país não tem vez. Sofremos com isso. E tome demanda no Ministério do Trabalho e INSS quebrando-os,porque não se investe em prevenção. Espera-se acontecer. Nossa população nas ruas não tem noção nenhuma de segurança pessoal,ocupacional e trabalhista. O que importa é curtir e segurança vira chatice.Pedem-nos para relaxar. Não vou nem falar em prédios residenciais com seus sistemas vencidos,ultrapassados e não vistoriados,porque o condomínio nunca tem dinheiro,imagine para Segurança..O que é isso mesmo?

Empresários e administradores de condomínios, acordai-vos. Quanto mais recursos e em dia e em conformidade tiveres, menor será o seguro a ser investido porque o risco é menor. Risco é a relação entre Perigo e Salvaguarda. Se não pode diminuir o primeiro, aumente o quociente,as defesas. Mas somos muito ignorantes ainda. Esperamos para ver...Afinal nunca vai acontecer conosco.

Os bares e boites em nome da hipnose causada pela bebida combinada com as batidas e iluminação ofuscante e intermitente também isolam o cliente diante de uma situação de sinistro. Que o diga a tragédia ocorrida anos atrás em Belo Horizonte em um incêndio numa boite que faltavam extintores de incêndio, estabelecimento de propriedade de um advogado (imagine...) que pelo sabemos acabou na impunidade e nenhum exemplo positivo se teve com a tragédia que matou vários, feriu outros tantos e intoxicou com fumaça mais uma parte.

Tudo isso não basta ter os recursos físicos mas quando possível,se treinar,fazer simulados com os próprios funcionários. Ainda somos subdesenvolvidos em todos os sentidos da vida.

Vivemos num barril de pólvora todos os dias, semanas e nada se investe em prevenção. Comum ver nos restaurantes os extintores de incêndio escondidos embaixo das mesas e as vezes vemos placas apontando que ali há um,embora não exista área livre de 1 m2. Esse é nosso país que tem legislação diversificada de Estado para outro, a grande maioria dos municípios nem sabe o que é prevenção contra incêndio e pânico a despeito da quantidade de prédios, centros comerciais e shoppings que vivem muitas vezes lotados como formigueiros. Os grandes eventos envolvendo shows não tem sinalização, quando tem precária(deveriam ter placas gigantes apontando saída para áreas seguras) mais uma vez não há fiscalização.

Sendo que nem tudo está perdido temos que reconhecer que o Carnaval em Salvador tem evoluído muito com uma estrutura desconhecida pela grande maioria das pessoas porque o que é bom não é valorizado nem divulgado. A Defesa Civil de Salvador possui um Plano de Contingência que inclui um Plano de Emergência envolvendo vários órgãos Municipais, Estaduais e Federais para proteger o folião e a população em geral e eu tenho orgulho de ter feito parte daquela maravilhosa equipe ainda hoje presente lá, independentemente de política e prefeito,mas como já frisado não tem o devido valor, recursos são escassos e o salário vergonhoso. A Defesa Civil é feita de heróis, assim como os bravos Bombeiros,cujos recursos faltam por falta de investimento público(governo,município) ficam sem água e mangueira furada, passam mal e morrem as vezes para proteger a população!

O meio artístico não tem comprometimento com as questões de segurança, quando na condição de portas vozes do povo e a eles poder-se-ia manter uma ponte entre profissionais de segurança(não apenas patrimonial mas principalmente do trabalho, com conhecimento técnico - cientifico). Sofremos com abuso de som alto e ruído. Deve-se estimular nas casas através de imagens e/ou sons a cultura do “ briefing de segurança” ou seja informar repetidamente através de ilustrações, vozes ou outra forma previamente acordada sobre o que fazer em caso de emergência.
Brincamos com a sorte,achamos que nada vai acontecer conosco e não sabemos o que fazer. Não temos nas escolas a cultura dos primeiros socorros, do evitar sensacionalismo entorno da vítima e nos apavoramos com o quadro,inertes a chamar um telefone de emergência como 192-SAMU ou 193-Bombeiros/SALVAR.

Está na hora de rever nossos conceitos e sabermos que Segurança é dever de todos!

Manoel Trajano, 05/11/08, 16:00 as 16:50

EPI EVITA ACIDENTE DE TRABALHO




O uso de Equipamento de Proteção Individual, conforme a NR-6 da Portaria 3214/78 do Mtb sempre foi um desafio no convencimento de seu uso por parte da força de trabalho seja ela da construção civil, indústria, operação química, portuária, aeroportuária, tecelagem, e outras tantas que padecem de uma fiscalização adequada e da disseminação da cultura prevencionista por parte de profissionais destas áreas, do corpo gerencial e principalmente dos trabalhadores que já vêm viciados com conceitos falhos e equivocados acerca deste e de outros temas.

Dentro destes vícios há aqueles conceituais propagados por quem deveria estar treinando adequadamente e orientando em prol de uma linguagem mais uniforme, fácil e menos rebuscada de forma a ser internalizada por aqueles que efetivamente utilizam os EPI, sem “s” depois mesmo porque sigla não tem plural, é outra polemica dentro da sopa de letrinhas da área( PPRA,LTCAT,PCMSO,DDS,CIPA,etc.). Partindo da premissa do conceito de ACIDENTE que é todo o evento não desejável, não previsto temos vários tipos de ACIDENTE seja ele ambiental, de transito, cirúrgico, vascular cerebral(AVC), esportivo(dentro da prática da modalidade), automobilístico e entre outros, o que nos interessa DE TRABALHO.

Lembremos dos conceitos aprendidos e da Pirâmide de Franklin BIRD que tem na sua base os DESVIOS (fuga dos procedimentos pré-estabelecidos), INCIDENTES (potencial de risco) e não tratando adequadamente estes chega-se ao ACIDENTE DE TRABALHO, que pode ter lesão(COM AFASTAMENTO OU NÃO) ou não.

Imagine que um operário na construção civil entra na área sem uso de capacete, ignora ou esquece o alerta da placa que orienta” USO OBRIGATÓRIO DE EPI”. Se não houver nada até ser flagrado por um colega ou percebe a falha, temos um DESVIO. Se por acaso, caiu um martelo sobre o capacete e ficou só no susto e não houve lesão. Foi um ACIDENTE? Sim pois foi um evento não previsto mas não foi um ACIDENTE DE TRABALHO e sim, um INCIDENTE, ou seja houve o quase ACIDENTE DE TRABALHO.

Neste caso podemos sim dizer que o EPI evitou o ACIDENTE DE TRABALHO e assim como em outras situações poderemos dizer que se evita,sim, o SINISTRO pois não nos causa a lesão,perda parcial ou total,temporária ou definitiva de nossa integridade física(conceito legal da CLT) e que daí pode ser estendida ao conceito prevencionista que vai alem, nunca menos do que o Mtb, por parte das empresas, e aí começam as interpretações distorcidas e equivocadas que tem como fórum ainda mais complexo as jurisprudências dos ambientes dos tribunais que estabelecem através das súmulas e causas questionadas, cujos direcionamentos pelas cabeças de juízes tomam os mais variados rumos.

A própria imprensa não sabe diferenciar de maneira genérica e chama a tudo de INCIDENTE, seja uma colisão veicular com vitimas,queda de aviões e vazamento de óleo com grandes prejuízos ambientais.

Faz-se necessária e importante uma maior discussão pelo grupo tripartite (governo,empregados e empregadores) a se unir com estudiosos,sindicatos, profissionais da área de forma a falarmos uma linguagem única, simples e objetiva cujas implicações se estendem dentro da legislação trabalhista e da complexa legislação previdenciária, cujas questões sociais se confrontam com um sistema falido, carente de revisão e disseminação educativa visando estimular o uso de EPI, a importância do Certificado de Aprovação – CA e pararmos de ver cenas do tipo em que o equipamento está ao lado do funcionário e o mesmo não usa porque esqueceu, a atividade é rápida, incomoda, coça, vira incomodo. EPI evita acidente sim e cabe a nós, profissionais de segurança estarmos num persistente, paciente e convincente ciclo de orientação, educação e treinamento daqueles que não tiveram na infância e juventude o conhecimento da importância de preservar a vida.

Manoel Trajano, 06/11/08, 11:20 as 11:50.