segunda-feira, outubro 18, 2010

ESCLARECENDO: ENGENHARIA

Por Manoel Trajano
Há muito tempo tenho observado um erro crasso na imprensa como um todo quando se noticia alguma obra nova, pomposa,moderna,pos moderna e porque nao dizer clássica quando se refere por exemplo ao projeto futurista(para a época)e fantástico de Brasília,por exemplo,e que nos faz refletir sobre a atenção sempre emtorno dos arquitetos como criadores e fazedores daquelas obras. Isso se estende aos prédios modernos e arrojados de Dubai, Hong Kong, Tókio e outros centros de referência de tecnologia que sempre vemos por e-mail ou no Discovery Channel(Programa Mega Construções). De fato os arquitetos são criativos,visionários,talentosos,atualizados, futuristas muitas vezes, hábeis entre outras qualidades e características. Mas tem uma coisa que precisa ser dita e repetida:o que torna a situação real é a Engenharia.Sem seus conhecimentos,recursos,cálculos,destreza,visão,antecipação, habilidade,talento,gestão,competência,prática,objetividade,raciocínio lógico e capacitação,entre outras,nada disso seria possível. Mais recentemente foi matéria do Programa Fantástico na TV Globo o edificio cuja pisicina no terraço causava a sensação de abismo,por ilusão de ótica de quem lá estava. Uma criação fantástica do arquiteto que deu entrevista. Mas o recurso que a torna viável nas duas torres que ficam abaixo da piscina cujo movimento mecânico evita as trincas e rachaduras para evitar vazamento foi uma solução do arquiteto? Dificilmente! Palmas aí para a Engenharia Mecânica que muitas vezes subsidia a Engenharia Civil. Para montar estruturas provisórias que mantenham os fucionários trabalhando,as fôrmas necessárias e os enquadramentos são da arquitetura? Não se por carência, ignorância ou falta de gratidão,mas o que vejo que para a imprensa ser esclarecida faz-se necessário que os criadores tenham mais humildade ao dar entrevistas e compartilhar as soluções com quem ajudou e tornou real. Não vejo isso nas matérias sobre o centenário,digníssimo,ícone e talentoso Oscar Niemeyer nas suas obras de arte que para ficarem de pé,com certeza não foram feitas com pedreiros,mestres-de-obra,encanadores e eletricistas apenas,com todos respeito aos nobres colegas,mas daí centralizar na Arquitetura os méritos de obras que saltam aos olhos é demais! Não entenda caro leitor isso como incômodo ou preocupação fútil mas a verdade é que neste nosso país pobre de reconhecimento e valorização profissional, temos que "dar a César o que é de César".

Essa breve análise global passa tambem por nossos Conselhos de classe que não "vendem o peixe" ao contrário do que vemos a OAB está sempre em evidência, o CRM também lutando por seus direitos e esclarecendo a sociedade. Nos CREAs da vida vemos muito "casa de ferreiro,espeto de pau" nas construções, instalações e falta de manutenção inclusive. A Escola Politécnica da UFBA aqui em Salvador que tenho o maior orgulho de ter estudado lá,sempre que volto fico triste ao ver abusrdos de leiaute e sistema de combate a incêndio muitas vezes equivocados, não sei se por falta de liderança,direção,profissional habilitado ou mesmo os professores antigos e conservadores que lá impõe suas vaidades. E a Faculdade de Arquitetura precisa acordar para isso e começar a trabalhar a humildade e o senso de equipe desde cedo e acabarmos de vez com estas picunhas,brincadeirinhas de mal gosto entre Engenheiros e Arquitetos, muitas vezes beirando adjetivos pessoais. É preciso reconhecer os talentos, virtudes,habilidades de cada qual. No interior do estado ainda se vê muito arquiteto assinando obras para as quais,embora permitido pelo CREA, não se vê sentido por não terem habilidade para tal,mas para o cliente,vale o que for mais barato,pois ainda é clichê achar que Engenheiro é caro. O que não pode é colegas pulverizarem custos,subvalorizarem preços de mercado em troca da necessidade do ganha pão imediato. Se bem que o barato sai caro e leva-se um mal serviço junto para a casa do cliente.


Recentemente participei de um curso de "Como vender serviços de Engenharia" com o excelente instrutor Eng. Ênio Padilha e ficou evidente de como é difícil compormos preços pela riqueza de valores de que somos compostos e o quão apresentável aqulilo deve ser. Sabemos de nossa importância na socieade e precisamos agora que ela nos valorize enquanto profissionais que investem pesado em dinheiro,tempo,dedicação pessoal, renúncias em prol do bem estar do cidadão,mas detestamos ingratidão e falta de reconhecimento,principalmente pelos véiculos de comunicação que deveriam ser imparciais e justos.

Mas como dizia Gilberto Gil"anda com fé eu vou que a fé não costuma falhar..." e Deus vê todo nosso esforço e papel de cada dia, muitas vezes ganhando mal, embaixo do Sol, viajando longe da família ou mesmo em escritório "queimando a pestana" e assumindo responsabilidades que por nao se transformarem em suor braçal,muitas vezes é ignorada a despeito do stress de cada dia que nos consome.



Manoel Trajano é
Engenheiro Civil e de Segurança do Trabalho

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