quarta-feira, setembro 01, 2010

BERNARDINO RAMAZZINI - PAI DA MEDICINA OCUPACIONAL

QUE É A MEDICINA DO TRABALHO
Por: Elizabeth Costa Dias
René Mendes


DEFINIÇÕES, SUBDIVISÕES, A QUE SE DESTINA

A Medicina do Trabalho: Suas Origens e Campo de Atuação:


Apesar das relações Trabalho, Saúde e Doença dos trabalhadores serem reconhecidas desde os primórdios da história humana registrada, estando expressa em obras de artistas plásticos, historiadores, filósofos e escritores, é relativamente recente uma produção mais sistemática sobre o tema.

Bernardino Ramazzini, médico italiano nascido em Módena em 1633, é considerado o Pai da Medicina do Trabalho pela contribuição de seu livro: "As Doenças dos Trabalhadores", publicado em 1700 e traduzido para o português pelo Dr. Raimundo Estrêla. Nele o autor relaciona 54 profissões e descreve os principais problemas de saúde apresentados pelos trabalhadores, chamando a atenção para a necessidade dos médicos conhecerem a ocupação, atual e pregressa, de seus pacientes, para fazer o diagnóstico correto e adotar os procedimentos adequados.

A Revolução Industrial, iniciada na Inglaterra no século XVIII desencadeando transformações radicais na forma de produzir e de viver das pessoas e portanto de seu adoecer e morrer, deu novo impulso à Medicina do Trabalho. Desde então, acompanhando as mudanças e exigências dos processos produtivos, e dos movimentos sociais, suas práticas têm se transformado, incorporando novos enfoques e instrumentos de trabalho, em uma perspectiva interdisciplinar, delimitando o campo da Saúde Ocupacional e mais recentemente, da Saúde dos Trabalhadores.

A Medicina do Trabalho pode ser definida como a especialidade médica que lida com as relações entre a saúde dos homens e mulheres trabalhadores e seu trabalho, visando não somente a prevenção das doenças e dos acidentes do trabalho, mas a promoção da saúde e da qualidade de vida, através de ações articuladas capazes de assegurar a saúde individual, nas dimensões física e mental, e de propiciar uma saudável inter-relação das pessoas e destas com seu ambiente social, particularmente, no trabalho.

O campo de atuação da Medicina do Trabalho é amplo, extrapolando o âmbito tradicional da prática médica. De modo esquemático, pode-se dizer que o exercício da especialidade tem como campo preferencial:

• os espaços do trabalho ou da produção - as empresas - (que na atualidade tem contornos cada vez mais fluidos), como empregado nos Serviços Especializados de Engenharia de Segurança e de Medicina do Trabalho (SESMT); como prestador de serviços técnicos, elaboração do PCMSO; ou de consultoria;
• na normalização e fiscalização das condições de saúde e segurança no trabalho desenvolvida pelo Ministério do Trabalho;
• a rede pública de serviços de saúde, no desenvolvimento das ações de saúde do trabalhador;
• a assessoria sindical em saúde do trabalhador, nas organizações de trabalhadores e de empregadores;
• a Perícia Médica da Previdência Social, enquanto seguradora do Acidente do Trabalho (SAT). (Na perspectiva da privatização do SAT, este campo deverá ser ampliado);
• a atuação junto ao Sistema Judiciário, como perito judicial em processos trabalhistas, ações cíveis e ações da Promotoria Pública;
• a atividade docente na formação e capacitação profissional;
• a atividade de investigação no campo das relações Saúde e Trabalho, nas instituições de Pesquisa;
• consultoria privada no campo da Saúde e Segurança no Trabalho.

A descrição das possibilidades de inserção ou do exercício profissional para os Médicos do Trabalho define, por si, as subespecialidades e as exigências diferenciadas que se colocam nas várias inserções. Para além do substrato comum de capacitação técnica, desenham-se distintos perfis e habilidades especificas que são requeridas dos Médicos do Trabalho, dependendo da inserção profissional particular.

Para o exercício da Medicina do Trabalho é importante que o profissional tenha uma boa formação em Clínica Médica e domine os conceitos e as ferramentas da Saúde Pública. Além disto, o Médico do Trabalho deverá estar sintonizado com os acontecimentos no mundo do trabalho", em seus aspectos sociológicos, políticos, tecnológicos, demográficos, entre outros.

Fonte: http://www.crwsaudeocupacional.com.br/medicina/?n=1

Programas de controle de saúde nas empresas estão cada vez mais presentes

Estar atento à saúde e ao bem-estar dos seus colaboradores é atualmente uma das grandes preocupações das empresas. Para falar sobre o tema, nada mais oportuno do que entrevistarmos duas médicas especialistas em Medicina do Trabalho. Afinal, no dia 31 de março, comemoramos o Dia da Saúde, e as empresas atacadistas devem estar informadas sobre os benefícios e procedimentos da medicina ocupacional nas suas organizações. Confira a entrevista das Médicas do Trabalho, Dra. Betina Mühlen Hodara e Dra. Cláudia Scheibe de Souza Leão para o Informativo do Sindiatacadistas.

Como é desenvolvido o trabalho de medicina ocupacional nas empresas? Como funciona e seu objetivo?

Dra. Betina Hodara: De acordo com a Lei n°6.514, de 22 de dezembro de 1977 que alterou o capítulo V do Título II da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), relativo à Segurança e Medicina do Trabalho, a Portaria n°3.214, de 08 de julho de 1978 que aprovou as Normas Regulamentadoras do Capítulo V do Título II, da CLT e as Portarias n°8, de 08/05/1996 e n°24, de 29/12/1994 e o Despacho da SSST de 1°/10/1996, foi estabelecida a obrigatoriedade da elaboração e implementação, por parte de todos os empregadores e instituições que admitam trabalhadores como empregados, do PCMSO que significa Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional.
É a NR 7 da CLT e obrigatório para todas as empresas e instituições que admitam trabalhadores como empregados, independente do seu tamanho ou número de empregados. O Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional - PCMSO é um conjunto amplo de ações, elaborado de maneira artesanal para atender às necessidades de cada empresa. A partir de uma avaliação do ambiente de trabalho, é confeccionado o programa e são realizadas as consultas para emissão dos "ASO's" (Atestados de Saúde Ocupacional) que podem ser Admissionais, Demissionais, Periódicos, de Mudança de Função ou Retorno ao Trabalho são parte deste programa.
Muitas empresas estão acostumadas a realizar somente os ASO's, especialmente os demissionais, exigidos pelos sindicatos no momento da homologação, mas esta prática, embora muito comum, oferece muitos riscos ao trabalhador e especialmente às empresas. Os exames médicos para obtenção dos Atestados de Saúde Ocupacional (ASO) são o meio mais usado para a orientação aos trabalhadores sobre a prevenção de acidentes do trabalho e doenças do trabalho ou não (Ações Primárias de Saúde) e diagnóstico precoce destes agravos (Ações Secundárias de Saúde), evitando, assim, conseqüências piores à saúde dos trabalhadores.  
Os objetivos do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional podem ser assim resumidos: atuar na promoção da saúde e prevenção, rastreamento e diagnóstico precoce dos agravos à saúde relacionados ao trabalho ou não. Cumprir a legislação trabalhista no tocante à saúde no trabalho. Padronizar e normatizar as ações voltadas ao Controle Médico de Saúde Ocupacional. 

Quando surgiu o primeiro serviço de medicina do trabalho?

Dra. Cláudia Leão: Conhecido como o "pai" da Medicina Ocupacional, o italiano Bernardino Ramazzini (1633-1714) publicou no ano de 1700 o livro De Morbis Artificum Diatriba (as doenças dos trabalhadores), onde estuda cerca de 50 profissões e as relaciona às doenças. Também aconselha os médicos, a perguntarem a seus pacientes, qual a sua ocupação. Segundo ele, a postura dos trabalhadores em certos ofícios, os movimentos feitos podem causar lesões ou deformidades.
Outro médico importante foi o cirurgião inglês Percivall Pott (1713-1788), que estabeleceu o nexo causal entre câncer de escroto e trabalho na limpeza de chaminés, profissão comum no Inglaterra naquela época. Entretanto, é durante a Revolução Industrial, após toda sorte de acidentes graves, mutilantes e fatais, especialmente entre mulheres e crianças pequenas, que políticos e legisladores introduzem medidas de controle das condições e ambientes de trabalho. A Lei das Fábricas (Factory Act) de 1833 regulamenta medidas de proteção dos trabalhadores. Desde então, também empresas começaram a contratar médicos para o controle da saúde dos trabalhadores nos locais de trabalho.

As organizações estão mais atentas e preocupadas com a prevenção à saúde de seus colaboradores e investindo mais na medicina ocupacional?

Dra. Betina Hodara: Sem dúvida, hoje encontramos desde empresas de pequeno porte a multinacionais envolvidas em desenvolver programas de controle médico dentro de suas unidades. Os empresários estão se conscientizando que investir na saúde e segurança, além de dar garantias legais às empresas, também contribue para melhorar a saúde dos funcionários, aumentando a produção e conseqüentemente trazendo lucros. Os programas não devem ser vistos como mais uma obrigação legal a cumprir, mas uma poderosa ferramenta para aumentar a produtividade. São um investimento com retorno certo, no médio e longo prazo. Com saúde e segurança no trabalho, os trabalhadores  produzem mais e melhor. Com trabalhadores produzindo mais e melhor, as empresas ganham com mais qualidade em seus produtos e serviços. Empresas que possuem produtos e serviços com mais qualidade têm a preferência do consumidor e a admiração da sociedade.

Quais são as ações de ordem médica que devem ser desenvolvidas nas empresas para prevenir danos à saúde e manter a integridade física e mental de seus funcionários?

Dra. Cláudia Leão: As ações desenvolvidas antes do aparecimento das doenças, quando o trabalhador fica exposto ao agente potencialmente causador de doenças, são denominadas "Ações Primárias de Saúde", constituídas de ações de  Promoção à Saúde e Prevenção de doenças. O programa médico deve contar com a promoção da saúde do trabalhador, devendo elevar e manter o nível de estado geral da saúde dos funcionários, o que no ambiente de trabalho poderá ser notado através dos índices de abscenteísmo e rotatividade. As ações podem estar associadas com o ambiente de trabalho e hábitos de vida, como informações sobre nutrição adequada, exercícios físicos, higiene habitacional, planejamento familiar e o uso de fumo, álcool e outras drogas. Também deve contar com uma prevenção mais específica, que visa evitar o desencadeamento do estímulo de determinado agente que poderá ser uma doença ocupacional ou não, visando proteger o trabalhador de riscos à saúde associados ao trabalho ou ao ambiente de trabalho, garantindo deste modo sua saúde e sua produtividade. Uma das ações mais usadas nesta fase é a prevenção das doenças através da imunização e profilaxia.  A vacinação deve obedecer às recomendações do Ministério da Saúde. Ao realizar um programa de vacinação na empresa, o empregador deve assegurar que os trabalhadores sejam informados das vantagens e dos efeitos colaterais, assim como dos riscos a que estarão expostos por falta ou recusa de vacinação, devendo, nestes casos, guardar documento comprobatório e mantê-lo disponível à inspeção do trabalho. Para as doenças profissionais e acidentes do trabalho, a prevenção é feita ou eliminando-se o agente agressor, ou neutralizando-o através do uso de Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC) ou Equipamentos de Proteção Individual (EPI). O desenvolvimento de Programas de Saúde na prevenção de doenças ocupacionais é imprescindível, devendo todos os empregados ter acesso às informações relacionadas com os riscos à saúde relativos ao trabalho, podendo deste modo adotar procedimentos apropriados para trabalhar com segurança e no uso de EPI.  A partir do momento em que é desencadeado o processo de doença, as ações visam o Diagnóstico Precoce e a Recuperação da Saúde do trabalhador e são denominadas "Ações Secundárias de Saúde".  

Qual é a função da medicina ocupacional nas empresas?

Dra. Betina Hodara: A empresa que tem Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) está, em primeiro lugar, cumprindo a legislação. Mas, tão importante quanto o aspecto legal, é que o PCMSO, quando bem elaborado, orienta o empresário nos aspectos relacionados à saúde e segurança no trabalho. Além disto, com base na promoção da saúde e prevenção das doenças, preserva a saúde do trabalhador, favorecendo a motivação e, conseqüentemente a produtividade da empresa.

A qualidade de vida das pessoas repercute dentro e fora das empresas?

Dra. Cláudia Leão: A qualidade de vida de uma pessoa e seus dependentes depende muito da qualidade de vida no trabalho, já que grande parte do dia é a ele destinada. Além disto, as conseqüências adversas do trabalho, como as doenças ocupacionais e os acidentes, afetam tanto o indivíduo, como sua família, dentro e fora do trabalho. A qualidade de vida do indivíduo também depende do trabalho porque o trabalhador assume papel central na vida das pessoas, chegando a definir aspectos vitais, como "status" e identidade pessoal. Sendo assim, o trabalho deve ser realizado em condições que ajudem a promover a saúde, o equilíbrio físico e psíquico, enfim o bem estar total do indivíduo. Condições de trabalho englobam tudo que influencia o próprio trabalho e incluem o posto de trabalho, agentes agressivos (biológicos, físicos, químicos, ergonômicos), o ambiente de trabalho, a jornada de trabalho, a organização do trabalho, além do transporte, relações entre as pessoas e relações entre a produção e o salário. Para a proteção da saúde dos trabalhadores e para a proteção do meio ambiente em geral, é necessário antecipar e reconhecer os possíveis riscos à saúde no ambiente de trabalho, avaliá-los, caracterizá-los e, finalmente, controlá-los através de medidas adequadas.
 

2 comentários:

Anônimo disse...

que bom que teve alguém para se procupar com esse assunto tão importante que é a segurança do trabalho.

Anônimo disse...

a segurança do trabalho é muito importante.amei o siti..