segunda-feira, julho 30, 2012

SEGURANÇA X SOLIDARIEDADE

Duas coisas que não combinam no Brasil. Por que um povo dito como hospitaleiro tem má vontade,medo ou receio de socorrer o próximo? De uma maneira geral não prestamos socorro por razões das mais diversas mas as causas acima podem ser resumidas numa só palavra: ignorância. Exceto se tratar de um lugar arriscado, perigoso e intimidador, devemos sempre lembrar que omissão é crime e que é nossa obrigação procurar conhecer nõções de primeiros socorros e saber acionar uma ambulância.

Segue abaixo texto de 3 anos atrás mas bem atual.



Na via pública: Há menos solidariedade às vítimas de acidentes




Segunda, 03 Agosto 2009 09:51 Escrito por Jornal Noticias

vítimas de acidentes de viação em algumas artérias da cidade da Beira passam horas a fio sem socorro. A falta de solidariedade por parte de alguns utentes das vias públicas concorre para a fatalidade de muitos sinistrados. As autoridades policiais dizem-se preocupadas com o fenómeno, afirmando que o socorro aos acidentados não só é um dever moral, como também é uma obrigatoriedade.

Naquela cidade, onde os acidentes rodoviários fazem uma média de dois óbitos e cinco feridos por semana, registam-se nos últimos dias vários episódios relacionados com a falta de pronto socorro às vítimas. Alguns automobilistas e transeuntes têm, muitas vezes, se furtado ao dever de socorrer vítimas, alegando complicações junto das autoridades na hora de prestação das ocorrências.



Um caso recente de falta de solidariedade ocorreu na noite da passada quinta-feira, na rua Alfredo Lawley, no bairro de Esturro, muito próximo do centro da cidade. Dois homens que ficaram gravemente feridos num acidente do tipo embate carro-motorizada permaneceram 30 minutos estatelados no meio da via pública sem, no entanto, serem socorridos.



Testemunhas oculares disseram momentos após terem sido socorridos que os sinistrados, que foram abandonados pelo carro que os embateu, pediram socorro e ninguém “tinha a coragem de fazê-lo, porque todos estavam a sangrar demasiadamente”.



António Fernando, de 16 anos de idade, disse que todos que se encontravam a contemplar os sinistrados estavam apenas a lamentar.



Victória Sereno, uma cidadã de 36 anos de idade, que se voluntariou a ajudar, levando os feridos para um carro, na altura conduzido por um clérigo católico, disse que fez a sua parte, lamentando o facto de algumas pessoas não terem lhe ajudado.



A nossa entrevistada lamentou ainda o facto de homem que se prontificou a ajudá-la a carregar os sinistrados, ter sido roubado a sua bicicleta naquele momento. “Ele perdeu a sua bicicleta quando socorria os doentes. Quer dizer, as pessoas são rápidas a fazerem maldades e são lentas a fazer o bem”.



A falta de socorro na rua Alfredo Lawley despoletou um debate. Os que defendiam a pronta solidariedade para com as vítimas de acidentes, por incrível que pareça, se tornavam poucos em relação aos que se opunham a tal acção.



Um dos defensores da falta de solidariedade para com os sinistrados culpou a Polícia. “A Polícia é que nos desencoraja a ajudar as pessoas. Uma vez ajudei duas crianças que foram atropeladas na zona do Vaz. O carro que as tinha atropelado fugiu, mas quando cheguei ao hospital permaneci cinco horas a sofrer o interrogatório. Muitas vezes o tom dos agentes que inquiriam era agressivo, e falavam como se tivesse sido eu a causar o acidente”.



Entretanto, o chefe do Departamento de Relações Públicas do Comando Provincial da Polícia da República de Moçambique em Sofala, Feliciano Dique, disse que as pessoas que não socorrem as vítimas de acidentes estarão não só a ferir a sua moral, como também a cometerem um crime.



“Não devemos abandonar as pessoas. Socorramos, porque qualquer dia seremos nós ou os nossos parentes”, disse, para depois referir que esta acção está legislada, o que impõe a obrigatoriedade de socorrer as vítimas de acidentes.



Dique socorreu-se do Código de Estrada no seu artigo 60, que obriga aos condutores a socorrerem as vítimas para o centro de saúde mais próximo. Disse ainda que os peões têm a obrigação de colaborar na prestação de socorros, tendo ainda lançado com apelo aos automobilistas para não abandonarem os sinistrados.

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