Definimos como hipotermia o estado no qual a temperatura corpórea apresenta valores reduzidos, ou seja, igual ou abaixo de 35ºC, secundária a um déficit neurológico em que a vítima encontra-se incapaz de produzir calor suficiente para manter a homeostasia corpórea normal.
A redução da temperatura corpórea é desencadeada pelo hipotálamo por meio da termogênese muscular e liberação de catecolaminas pelo sistema nervoso simpático e glândulas suprarrenais. A resposta mediada pelas catecolaminas, numa fase inicial, ocorre no sentido de contrapor a hipotermia, identificada pelo aumento da frequência cardíaca e da pressão arterial média. Com a evolução do quadro, esta resposta é bloqueada pelos efeitos inotrópicos e cronotrópicos negativos, mediados pela hipotermia, ocasionando, assim, a diminuição do débito cardíaco e da perfusão tecidual, além de abrandamento da atividade enzimática, vasoconstrição periférica e alterações das vias metabólicas dependentes da perfusão de oxigênio (redução de 6% no consumo de O2 para cada diminuição de 1ºC). Com a evolução da hipotermia, constatamos a presença de taquipneia (respiração acelerada) seguida de depressão do centro respiratório com redução da ventilação alveolar e, consequentemente, da PaO2 (Pressão Arterial de Oxigênio), aumentando, assim, o sofrimento celular até que ele atinja um estado irreversível, evoluindo para uma falência multiorgânica.
Uma característica importante da hipotermia são as alterações eletrocardiográficas observadas durante a evolução do quadro, traduzidas em: bradicardia e comprometimento da função miocárdica, agravando-se durante a hipotermia severa.
Trauma
A hipotermia é uma situação frequente em paciente politraumatizado ou gravemente ferido, observada tanto no cenário do acidente quanto ao se dar entrada em sala de choque ou serviços de emergência hospitalar.
A origem da hipotermia se encontra focada na ação do trauma sobre o sistema termorregulador central, impedindo, assim, a produção de tremores que é o mecanismo primário e disparador para a produção do calor corpóreo. A hipotermia constitui uma das principais causas de mortalidade em politraumatizados principalmente quando associadas à "Tríade letal" (hipotermia, acidose e coagulopatia).
A maneira mais eficaz de restaurar o débito cardíaco e a perfusão aos órgãos alvos é o restabelecimento do retorno venoso aos padrões fisiológicos normais por meio da reposição volêmica, evitando, assim, o desenvolvimento da "Tríade letal" que pode estar associada a uma condição de risco de vida irreversível num quadro de hipotermia.
Os sinais de tremores, bem como o estado mental, vão depender dos níveis de temperatura corporal retal. Pacientes com hipotermia leve (temperatura central > 34ºC) irão apresentar tremores e alguma alteração em nível de consciência, sendo as principais a confusão e a lentidão. Quando a hipotermia presente cai de 34ºC a 30ºC, definida como moderada, os tremores poderão estar ausentes e o nível de consciência estará muito diminuído (inconsciente ou comatoso). Nesta fase, poderá apresentar midríase fixa, pulsos diminuídos ou ausentes e PAS (Pressão Arterial Sistólica) baixa ou inaudível. Poderá cursar com episódios súbitos de arritmias, sendo a fibrilação atrial a mais frequente. Já abaixo de 30ºC, a fibrilação ventricular pode estar presente junto ao desenvolvimento da "Tríade letal", consequentemente, resultando em óbito.
Um dos principais cuidados ao paciente hipotérmico durante o período pré-hospitalar consiste na prevenção da perda adicional de calor pelo corpóreo. Em pacientes hipotérmicos com rebaixamento de nível de consciência ou não responsivos após as medidas de Suporte Básico ou Avançado de Vida, a solução fisiológica com glicose a 5% deverá ser administrada de forma aquecida, ou seja, entre 40ºC a 43ºC com o paciente imóvel. Isto torna-se um desafio aos socorristas, pois, muitas vezes, o processo de aquecimento imediato da solução encontra-se dificultado, agravando, assim, a condição do paciente. A maneira mais eficiente e fácil de prevenir uma hipotermia é a infusão de grandes volumes de cristaloides aquecidos com início de imediato em atendimento pré-hospitalar.
João Roberto Mano, Marcello Luiz Carbonieri, João Marcos Encide e Ricardo Luis Portilho
Confira o artigo na íntegra na edição de Junho da Revista Emergência.
Foto: Evandro Oliveira
Segurança do Trabalho e da Vida - PERICIAS - TREINAMENTOS - ASSESSORIA - CONSULTORIA - PARCERIAS - LAUDO TÉCNICO Prevenção de Acidentes deve-se disseminar não apenas nas empresas,mas tambem nos lares,nas ruas,nos serviços nos pequenos gestos que podem gerar grandes acidentes nos mínimos desvios.A Engenharia de Segurança do Trabalho deve estar cobrindo e protegendo o bem estar e conforto do trabalhador e do cidadão na mais perfeita harmonia com o Meio Ambiente.
quinta-feira, junho 30, 2011
Sistema de aquecimento de cristaloides sob medida para APH
Sistema de aquecimento de cristaloides sob medida para APH
Data: 27/06/2011 / Fonte: Revista Emergência
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