QUE É A MEDICINA DO TRABALHO
Por: Elizabeth Costa Dias
René Mendes
DEFINIÇÕES, SUBDIVISÕES, A QUE SE DESTINA
A Medicina do Trabalho: Suas Origens e Campo de Atuação:
Apesar das relações Trabalho, Saúde e Doença dos trabalhadores serem reconhecidas desde os primórdios da história humana registrada, estando expressa em obras de artistas plásticos, historiadores, filósofos e escritores, é relativamente recente uma produção mais sistemática sobre o tema.
Bernardino Ramazzini, médico italiano nascido em Módena em 1633, é considerado o Pai da Medicina do Trabalho pela contribuição de seu livro: "As Doenças dos Trabalhadores", publicado em 1700 e traduzido para o português pelo Dr. Raimundo Estrêla. Nele o autor relaciona 54 profissões e descreve os principais problemas de saúde apresentados pelos trabalhadores, chamando a atenção para a necessidade dos médicos conhecerem a ocupação, atual e pregressa, de seus pacientes, para fazer o diagnóstico correto e adotar os procedimentos adequados.
A Revolução Industrial, iniciada na Inglaterra no século XVIII desencadeando transformações radicais na forma de produzir e de viver das pessoas e portanto de seu adoecer e morrer, deu novo impulso à Medicina do Trabalho. Desde então, acompanhando as mudanças e exigências dos processos produtivos, e dos movimentos sociais, suas práticas têm se transformado, incorporando novos enfoques e instrumentos de trabalho, em uma perspectiva interdisciplinar, delimitando o campo da Saúde Ocupacional e mais recentemente, da Saúde dos Trabalhadores.
A Medicina do Trabalho pode ser definida como a especialidade médica que lida com as relações entre a saúde dos homens e mulheres trabalhadores e seu trabalho, visando não somente a prevenção das doenças e dos acidentes do trabalho, mas a promoção da saúde e da qualidade de vida, através de ações articuladas capazes de assegurar a saúde individual, nas dimensões física e mental, e de propiciar uma saudável inter-relação das pessoas e destas com seu ambiente social, particularmente, no trabalho.
O campo de atuação da Medicina do Trabalho é amplo, extrapolando o âmbito tradicional da prática médica. De modo esquemático, pode-se dizer que o exercício da especialidade tem como campo preferencial:
• os espaços do trabalho ou da produção - as empresas - (que na atualidade tem contornos cada vez mais fluidos), como empregado nos Serviços Especializados de Engenharia de Segurança e de Medicina do Trabalho (SESMT); como prestador de serviços técnicos, elaboração do PCMSO; ou de consultoria;
• na normalização e fiscalização das condições de saúde e segurança no trabalho desenvolvida pelo Ministério do Trabalho;
• a rede pública de serviços de saúde, no desenvolvimento das ações de saúde do trabalhador;
• a assessoria sindical em saúde do trabalhador, nas organizações de trabalhadores e de empregadores;
• a Perícia Médica da Previdência Social, enquanto seguradora do Acidente do Trabalho (SAT). (Na perspectiva da privatização do SAT, este campo deverá ser ampliado);
• a atuação junto ao Sistema Judiciário, como perito judicial em processos trabalhistas, ações cíveis e ações da Promotoria Pública;
• a atividade docente na formação e capacitação profissional;
• a atividade de investigação no campo das relações Saúde e Trabalho, nas instituições de Pesquisa;
• consultoria privada no campo da Saúde e Segurança no Trabalho.
A descrição das possibilidades de inserção ou do exercício profissional para os Médicos do Trabalho define, por si, as subespecialidades e as exigências diferenciadas que se colocam nas várias inserções. Para além do substrato comum de capacitação técnica, desenham-se distintos perfis e habilidades especificas que são requeridas dos Médicos do Trabalho, dependendo da inserção profissional particular.
Para o exercício da Medicina do Trabalho é importante que o profissional tenha uma boa formação em Clínica Médica e domine os conceitos e as ferramentas da Saúde Pública. Além disto, o Médico do Trabalho deverá estar sintonizado com os acontecimentos no mundo do trabalho", em seus aspectos sociológicos, políticos, tecnológicos, demográficos, entre outros.
Fonte: http://www.crwsaudeocupacional.com.br/medicina/?n=1
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Estar atento à saúde e ao bem-estar dos seus colaboradores é atualmente uma das grandes preocupações das empresas. Para falar sobre o tema, nada mais oportuno do que entrevistarmos duas médicas especialistas em Medicina do Trabalho. Afinal, no dia 31 de março, comemoramos o Dia da Saúde, e as empresas atacadistas devem estar informadas sobre os benefícios e procedimentos da medicina ocupacional nas suas organizações. Confira a entrevista das Médicas do Trabalho, Dra. Betina Mühlen Hodara e Dra. Cláudia Scheibe de Souza Leão para o Informativo do Sindiatacadistas. | |
Como é desenvolvido o trabalho de medicina ocupacional nas empresas? Como funciona e seu objetivo? Dra. Betina Hodara: De acordo com a Lei n°6.514, de 22 de dezembro de 1977 que alterou o capítulo V do Título II da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), relativo à Segurança e Medicina do Trabalho, a Portaria n°3.214, de 08 de julho de 1978 que aprovou as Normas Regulamentadoras do Capítulo V do Título II, da CLT e as Portarias n°8, de 08/05/1996 e n°24, de 29/12/1994 e o Despacho da SSST de 1°/10/1996, foi estabelecida a obrigatoriedade da elaboração e implementação, por parte de todos os empregadores e instituições que admitam trabalhadores como empregados, do PCMSO que significa Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional. Quando surgiu o primeiro serviço de medicina do trabalho? Dra. Cláudia Leão: Conhecido como o "pai" da Medicina Ocupacional, o italiano Bernardino Ramazzini (1633-1714) publicou no ano de 1700 o livro De Morbis Artificum Diatriba (as doenças dos trabalhadores), onde estuda cerca de 50 profissões e as relaciona às doenças. Também aconselha os médicos, a perguntarem a seus pacientes, qual a sua ocupação. Segundo ele, a postura dos trabalhadores em certos ofícios, os movimentos feitos podem causar lesões ou deformidades. As organizações estão mais atentas e preocupadas com a prevenção à saúde de seus colaboradores e investindo mais na medicina ocupacional? Dra. Betina Hodara: Sem dúvida, hoje encontramos desde empresas de pequeno porte a multinacionais envolvidas em desenvolver programas de controle médico dentro de suas unidades. Os empresários estão se conscientizando que investir na saúde e segurança, além de dar garantias legais às empresas, também contribue para melhorar a saúde dos funcionários, aumentando a produção e conseqüentemente trazendo lucros. Os programas não devem ser vistos como mais uma obrigação legal a cumprir, mas uma poderosa ferramenta para aumentar a produtividade. São um investimento com retorno certo, no médio e longo prazo. Com saúde e segurança no trabalho, os trabalhadores produzem mais e melhor. Com trabalhadores produzindo mais e melhor, as empresas ganham com mais qualidade em seus produtos e serviços. Empresas que possuem produtos e serviços com mais qualidade têm a preferência do consumidor e a admiração da sociedade. Quais são as ações de ordem médica que devem ser desenvolvidas nas empresas para prevenir danos à saúde e manter a integridade física e mental de seus funcionários? Dra. Cláudia Leão: As ações desenvolvidas antes do aparecimento das doenças, quando o trabalhador fica exposto ao agente potencialmente causador de doenças, são denominadas "Ações Primárias de Saúde", constituídas de ações de Promoção à Saúde e Prevenção de doenças. O programa médico deve contar com a promoção da saúde do trabalhador, devendo elevar e manter o nível de estado geral da saúde dos funcionários, o que no ambiente de trabalho poderá ser notado através dos índices de abscenteísmo e rotatividade. As ações podem estar associadas com o ambiente de trabalho e hábitos de vida, como informações sobre nutrição adequada, exercícios físicos, higiene habitacional, planejamento familiar e o uso de fumo, álcool e outras drogas. Também deve contar com uma prevenção mais específica, que visa evitar o desencadeamento do estímulo de determinado agente que poderá ser uma doença ocupacional ou não, visando proteger o trabalhador de riscos à saúde associados ao trabalho ou ao ambiente de trabalho, garantindo deste modo sua saúde e sua produtividade. Uma das ações mais usadas nesta fase é a prevenção das doenças através da imunização e profilaxia. A vacinação deve obedecer às recomendações do Ministério da Saúde. Ao realizar um programa de vacinação na empresa, o empregador deve assegurar que os trabalhadores sejam informados das vantagens e dos efeitos colaterais, assim como dos riscos a que estarão expostos por falta ou recusa de vacinação, devendo, nestes casos, guardar documento comprobatório e mantê-lo disponível à inspeção do trabalho. Para as doenças profissionais e acidentes do trabalho, a prevenção é feita ou eliminando-se o agente agressor, ou neutralizando-o através do uso de Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC) ou Equipamentos de Proteção Individual (EPI). O desenvolvimento de Programas de Saúde na prevenção de doenças ocupacionais é imprescindível, devendo todos os empregados ter acesso às informações relacionadas com os riscos à saúde relativos ao trabalho, podendo deste modo adotar procedimentos apropriados para trabalhar com segurança e no uso de EPI. A partir do momento em que é desencadeado o processo de doença, as ações visam o Diagnóstico Precoce e a Recuperação da Saúde do trabalhador e são denominadas "Ações Secundárias de Saúde". Qual é a função da medicina ocupacional nas empresas? Dra. Betina Hodara: A empresa que tem Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) está, em primeiro lugar, cumprindo a legislação. Mas, tão importante quanto o aspecto legal, é que o PCMSO, quando bem elaborado, orienta o empresário nos aspectos relacionados à saúde e segurança no trabalho. Além disto, com base na promoção da saúde e prevenção das doenças, preserva a saúde do trabalhador, favorecendo a motivação e, conseqüentemente a produtividade da empresa. A qualidade de vida das pessoas repercute dentro e fora das empresas? Dra. Cláudia Leão: A qualidade de vida de uma pessoa e seus dependentes depende muito da qualidade de vida no trabalho, já que grande parte do dia é a ele destinada. Além disto, as conseqüências adversas do trabalho, como as doenças ocupacionais e os acidentes, afetam tanto o indivíduo, como sua família, dentro e fora do trabalho. A qualidade de vida do indivíduo também depende do trabalho porque o trabalhador assume papel central na vida das pessoas, chegando a definir aspectos vitais, como "status" e identidade pessoal. Sendo assim, o trabalho deve ser realizado em condições que ajudem a promover a saúde, o equilíbrio físico e psíquico, enfim o bem estar total do indivíduo. Condições de trabalho englobam tudo que influencia o próprio trabalho e incluem o posto de trabalho, agentes agressivos (biológicos, físicos, químicos, ergonômicos), o ambiente de trabalho, a jornada de trabalho, a organização do trabalho, além do transporte, relações entre as pessoas e relações entre a produção e o salário. Para a proteção da saúde dos trabalhadores e para a proteção do meio ambiente em geral, é necessário antecipar e reconhecer os possíveis riscos à saúde no ambiente de trabalho, avaliá-los, caracterizá-los e, finalmente, controlá-los através de medidas adequadas. |
2 comentários:
que bom que teve alguém para se procupar com esse assunto tão importante que é a segurança do trabalho.
a segurança do trabalho é muito importante.amei o siti..
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